Viagens de Comboio - parte II

Quando estamos sentados no nosso lugar, à beira da janela, prontos para ir para casa, a ler o nosso livro de 500 páginas e tentando esquecer o facto de não ter trazido o Ipod.

De repente, vindo como qual D. Sebastião sabe-se lá donde, senta-se ao nosso lado uma pessoa cujo seu cheiro peculiar e deveras característico nos deixa a pensar porque raio é que estes comboios novos não dão para abrir a janela.

O livro deixa de repente de fazer sentido, o calor apodera-se e só me apetece fugir do meu outrora perfeito lugar à janela. Mas não, qual herói de banda desenhada, deixo-me ficar e tentar respirar o meu próprio perfume.

Não tinha ainda reparado que do outro lado da carruagem, 5 bancos à frente e num banco de dois a ocupar só um estava um amigo deste meu "vizinho". Quando de repente começam a falar numa língua estranha. Bom, falar não é bem o que eu chamo, talvez gritar de um lado da carruagem para o outro.

Reparo que o amigo do meu "vizinho" está sentado sozinho num lugar de duas pessoas e eu pergunto-me:

"Porque é que este mal cheiroso não se vai sentar ao lado do seu amigo e não falam mais baixo??"

Possivelmente sou eu que não penso direito e afinal de contas este é o comportamento normal das pessoas quando se encontram numa carruagem de comboios e em vez de se sentarem lado a lado e conversarem normalmente, não, cada uma numa ponta do comboio a gritar sabe-se lá o quê....

Quando pensava que isto era o pior que me poderia acontecer nesta calma e relaxante viagem de comboio quando, de repente, no banco atrás de mim, com uma voz que me dilacerou o tímpano direito, um amigo dos nossos amigos decide entrar na conversa.............

Desde então que nunca mais vim sentado no comboio...